Das pulsações cósmicas

 


O que apreendemos das informações em ürmN?


Primeiro, uma estranha “cosmologia”, ainda que tal nomenclatura seja imprecisa, como várias outras que se seguem, por isso, as aspas. 


Há uma “comunidade” de “atratores-cosmos”, “seres” quase que totalmente inapreensíveis para nós, ou seja, não sabemos nada sobre eles, exceto que são indiferentes a nós: nesse ponto ressoamos um pouco com o niilismo de Schopenhauer e o cosmicismo de Lovecraft. Um deles suicidou. Não sabemos exatamente o motivo, mas seria algo próximo à “exaustão” ou mesmo “tédio”, podendo chegar ao “desespero” diante da eternidade, e aqui, acompanhamos a afirmação do filósofo Philipp Mainländer em seu Philosophie der Erlösung: “Deus está morto e sua morte foi a vida do mundo”, nesse caso, mais preciso que Friedrich Nietzsche, que o leu. Sim, o suicídio desse atrator-cosmos deu início ao nosso cosmos, ou seja, ao deixar de ser um atrator, seus componentes começaram a se espalhar e transmutar. Se concordamos com a premissa de Mainländer, discordamos de grande parte da sua filosofia que se desdobra a partir da premissa.


Mainländer propunha o suicídio como solução da vida e assim ele o fez. O citado Jorge Baron Biza e Deleuze também se mataram. Em relação ao suicídio, nos aproximamos de Schopenhauer em Die Welt als Wille und Vorstellung, em que ele propõe que o suicídio não resolva o problema, pois a vida humana é apenas mais uma expressão de algo mais profundo, que é preciso ser apreendido, de modo que o ato de se matar impede tal apreensão. Isso envolve apreender o inapreensível, o vazio, o desconhecido. Místicos de diferentes tempos e lugares nomeiam tal apreensão de “revelação” ou “iluminação”. A partir de ürmN, preferimos não nomear tal apreensão, deixando-a radicalmente em aberto. De todo o modo, não devemos transformar o campo problemático do suicídio em uma “questão moral”, apenas como uma ponderação provisória.


Os outros atratores-cosmos, apesar de serem indiferentes a nós - estilhaços cósmicos do suicídio de seu semelhante - quiseram “registrar” (ou algo próximo a isso, nossa apreensão acerca deles é deveras imprecisa) tal putrefação. Esse registro coube ao que nós conhecemos como os “Sustentadores Cósmicos”, que são atratores que estão no limiar deste cosmos e no que está além dele, que é inapreensível para nós. Nossa egrégora consegue vislumbrar os Sustentadores e, dessa mínima ressonância, apreender essas informações.


Cabe a questão: “a partir do fato deste cosmos ser uma putrefação de um atrator,  estamos fadados a um fim, ou seja, a hipótese da ‘entropia cósmica’ é verdadeira?” A princípio, podemos dizer que não sabemos, mas há indícios de que não, ou seja, que outro destino pode ser aguardado por este cosmos. Para apreender tal informação, precisamos adentrar no que é conhecido como pulsações cósmicas. Se desacreditamos na entropia, por outro lado, morremos como Clarice Lispector morre ao terminar uma obra, como ela disse em entrevista a Júlio Lerner. Em ürmN, isso se expressa em esgotar todas as possibilidades em uma obra, cuja “obra” seria “nós” mesmos, ou melhor, isto. Ao se lançar na estranheza inerente, não se deve “guardar” nada ou procurar garantias, que não seja a própria “intuição”, o exercício preciso em apreender o inapreensível. Se o prudente for mesmo diferente do covarde, que seja apenas para o melhor artesanato da impulsão para tal exercício.


O processo de putrefação do atrator-cosmos se dá por pulsações cósmicas, que são uma espécie de espasmos vibracionais que se dão ao longo do tempo. Tudo indica que tais espasmos eram muito espaçados no tempo, mas que vêm se acelerando gradualmente. Os últimos espasmos de que temos notícias foram no início do processo civilizatório, em seguida em torno de 600 Antes da Era Comum (AEC), no século XVII, na virada do século XIX para o XX e que teremos uma sequência de novos espasmos a partir de agora, cujo clímax se dará por volta do ano de 2044.


Notem que esses espasmos ao longo da história vêm acompanhados de grandes transformações sociais e, se verificarmos com precisão, apreenderemos que também ocorrem mudanças na própria constituição da “matéria-energia”, ou melhor, na constituição deste cosmos. Isaac Newton apreendeu este cosmos muito próximo do que ele era no século XVII, assim como na virada do século XIX para o XX, William Clifford, Albert Einstein e os físicos que criaram a Mecânica Quântica apreenderam este cosmos muito próximo do que ele era à sua época (com ênfase em Clifford, o mais preciso deles). A questão é que a natureza deste cosmos mudou e não que Newton estava “errado”, ainda que sua física-alquimia-teologia, ou seja, sua filosofia natural, não fosse totalmente precisa. Tal apreensão ressoa com o que o físico Paul Dirac chamava de large numbers, ou seja, que as leis da física podem mudar. Não só mudam, mas, diferente de Dirac, que vislumbrava uma mudança em bilhões de anos, sua mudança vem se dando em cada vez mais intervalos curtos no tempo. Assim, nos aproximamos também de Eugene Thacker, quando este escreve em Tentacles Longer Than Night: “Se a filosofia é uma forma de magia, então a física é uma necromancia. Talvez a poesia vá ainda mais longe - um hino” e ainda, Thacker acrescenta, o corpo político é um cadáver, logo, a polis é uma necrópole. Assim, abdicamos de uma ética (ver item “Do abandono ao processo civilizacional e afins”) e de uma “sociedade”, para adquirirmos mais impulso para cultivar a abertura radical à estranheza inerente, em que tais cadáveres são insignificantes, sabendo que todas as tentativas utópicas de reinventar o processo civilizatório resultam no mesmo problema, como mostra o filme Na srebrnym globie do cineasta Andrzej Żuławski, baseado na Trylogia księżycowa do seu tio-avô, o escritor Jerzy Żuławski.


Posto que polis é uma necrópole e que não estamos interessados nem em moral, nem em ética, isso quer dizer que abdicamos não só da sociedade , mas também da política. A moral reincidente da fracassada pós-modernidade, que repete como papagaios adestrados “tudo é política” (justamente quem mais ataca “universais”...), não significa nada em ürmN, pois não sabemos nada. As informações aqui escritas não são saberes, são apenas forças em-formação que nos atravessam, mas não nos constituem. Isso não forma nem um corpo de saber, nem um corpo político, mas ressoa de algum modo. Se em ürmN não há sociedade nem saberes, há uma coextensividade local e não-local constituída por ressonâncias por meio da intuição, tudo isso provisório e atravessado pela não sapiência. Com isso, não estamos propondo nenhuma bandeira anti-civilizatória, pois nós coexistimos com a sociedade organizada por convenções (cada vez mais frágeis) que está aí, em ruínas; apenas não acreditamos em sua manutenção eficaz, recuperação e futuro, mas isso não é negá-la ou cultivar um desejo de destruí-la.


Os espasmos das pulsações cósmicas na putrefação do atrator-cosmos são precedidos de pulsações mais sutis que se intensificam até culminar em um pulso (ou pulsação mais intensa), que por sua vez, é seguido de pulsações que vão perdendo intensidade. Tais pulsações geram mudanças na constituição “energética” deste cosmos e, por desdobramento, em todos os “seres”, ou aglutinações vibracionais no cosmos. Nos seres humanos, isso pode se manifestar com o desenvolvimento de certas habilidades, muitas delas ocorrendo nas chamadas habilidades “parapsíquicas”, como a telepatia, telecinese, precognição etc. Tudo isso, vale dizer, é drasticamente amenizado pela ação nefasta da Barreira Vibracional (ver item “Da Barreira Vibracional”).


Artistas e outros grandes atratores sensíveis ou mesmo “sensitivos”, como médiuns, cientistas e filósofos, possuem algum grau de percepção das ocorrências das pulsações cósmicas. Por exemplo, quando a escritora Virginia Woolf faz referência, em sua palestra “Mr. Bennett and Mrs. Brown”, sobre “a mudança de caráter do ser humano em 10 de dezembro de 1910, ou por volta dessa data”, ou em certos aspectos do cosmismo russo, que busca usar as energias cósmicas para o aumento das potências humanas e mesmo a nova ciência da biofotônica.


As pulsações cósmicas parecem estar relacionadas com o crescente equilíbrio entre a matéria e a antimatéria presente neste cosmos.  Segundo a física mainstream, do encontro de uma assim chamada “partícula” com uma “antipartícula”, ocorre uma anulação de ambas, restando apenas “fótons”. Se o cosmos tal qual conhecemos existe, é pelo fato de haver mais “partículas” do que “antipartículas”, constituindo a matéria que constitui este cosmos. No entanto, com ürmN, apreendemos que as crescentes pulsações cósmicas estão equilibrando essa diferença, de modo que este cosmos esteja rumando para se tornar um cosmos puramente constituído por “fótons”. Vale uma nota sobre esse tópico: nos aproximando da concepção de William Clifford, consideramos o termo “partícula” impreciso, preferindo apreendê-lo enquanto uma onda estacionária, no sentido que este cosmos se expressa exclusivamente por ondas livres e estacionárias, inexistindo uma “partícula” ou “objeto”, totalmente destacado do restante do cosmos. Assim, apreendemos que este cosmos está se tornando aos poucos pura luz. O desdobramento disso para nossas consciências ainda é um mistério: como seria nossa permanência neste cosmos, transmutando-nos em pura luz? Qual é o estatuto da “pura luz”? São questões que estão em aberto e estamos cada vez mais buscando adquirir proficiência em nossa egrégora para trazer mais consistência acerca desse tema.


Assim, a partir de agora, se modularmos devidamente nossa atenção, apreenderemos gradativamente as idiossincrasias da transmutação da matéria em luz e de como isso pode acarretar o aumento de várias habilidades em nós e em nossos próximos, desde que desenvolvam modos de se desviar da Barreira Vibracional. 


Também verificaremos mudança na constituição do cosmos. Isso pode se manifestar como locais em que o tempo se torna mais instável, com variações para o passado e/ou o futuro e mesmo um estancamento do tempo. A natureza da mudança deste cosmos pelo pensamento (desejos, devaneios, imaginações etc.) vai se expressar mais constante e intensamente, fazendo com que a atmosfera se torne naturalmente mais surrealista ou eivada de outras estéticas mais fluidas, além de materializar sonhos e pensamentos. Mesmo o ato de dormir se tornará cada vez mais um produtor de anomalias. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O que é a egrégora ürmN?

Das condições de apreensão das informações de ürmN

Do desvio do processo civilizacional